Esse artigo traz uma reflexão sobre nossos medos e receios para fazer uma transição de carreira e o que pode pesar para uma decisão como essa, além de alguns dicas de quem passou por isso.
Trago aqui uma entrevista que fiz com 3 mulheres que se arriscaram numa transição de carreira saindo do mundo corporativo para uma carreira como empreendedoras e se encontram felizes e realizadas com a mudança feita. São elas:
TAMARA BORGES - Empresária. Saiu do mundo corporativo para se tornar empresária. Hoje comanda a Pulse Nutrition, empresa de vitaminas e suplementação esportiva funcional e marcas de produtos para performance e bem estar.
Foi com a maternidade, que o desejo de empreender se tornou ainda mais latente, e vislumbrou nesse caminho a oportunidade de acelerar sua carreira e conciliar com mais tempo para a família e lazer. Fez sua transição aos 28 anos após 10 anos no mercado offshore e hoje sente-se realizada tanto profissional como pessoalmente com essa escolha.
Hoje já tem planos para o futuro. Esta se estruturando para lançar o modelo de franquia e licenciamento de marca com produtos e acessórios.
Ela diz: “Quero que mais pessoas possam desfrutar de uma vida profissional em harmonia com um estilo de vida saudável. Acredito que a Pulse oferece isso, um modelo de negócio que favorece quem quer trabalhar feliz, se cuidar e ter bem estar físico e mental. “
FERNANDA ANDRADE – Psicóloga Clinica. Trabalhava no mundo corporativo há 10 anos e fez a transição para atuar como psicóloga clínica. e poder ter mais qualidade de vida.
Hoje, além , do consultório, trabalha com grupos de gestantes e puérperas, e é mãe de duas meninas.
Fez sua transição quando tinha 34 anos e acredita que foi a melhor escolha para ela e sua família.
SAMARA SOUZA – Coach. Trabalhava com Recursos Humanos no mundo corporativo, onde teve uma jornada de sucesso. Foram 15 anos na área, sendo os últimos 10 anos voltados para consultoria interna, passando por empresas como Accenture, Chemtech, Siemens e Modec.
Fez sua transição de carreira aos 38 anos, quando iniciou o seu próprio negócio, como Coach, atuando com desenvolvimento de pessoas. Se orgulha da mudança que fez e acredita que coragem e determinação foram essenciais nesse processo.
Hoje sente-se realizada por viver um real equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
MEDOS E RECEIOS
Perguntadas sobre os medos e receios que tinham na ocasião, todas colocaram a questão financeira como um ponto, uma vez que saiam de uma situação com remuneração garantida para uma situação ainda incerta. E tinham também a preocupação de estarem preparadas e qualificadas para gerir seu próprio negócio.
Samara coloca que considerando sua escolha para uma atuação como autônoma tinha preocupações em como tocar seu próprio negócio e como seria ”abandonar o certo pelo duvidoso”. Ela diz: "Ouvi muito essa última frase e de muita gente. De fato eu tinha uma ótima remuneração e benefícios diferenciados, além de me sentir reconhecida em relação ao meu trabalho."
Fernanda fala: “Em empresa, todo mês o salário entra na conta direitinho, mas a vida de autônoma é mais variável e incerta. “
Também teve receio do que iria fazer fora da empresa. “A minha ideia era atuar como psicóloga clínica mas não sabia que foco eu daria. Eu já tinha feito um curso de Psicologia Positiva em 2012, mas não tinha experiência nesta área, então precisaria me qualificar mais para ter segurança e qualidade nesta transição."
Para Tamara seus principais receios na transição de carreira foram pautados no medo da mudança e em percorrer caminhos novos, ainda não desbravados por ninguém. “O maior desafio foi que apesar de uma carreira sólida na área onde atuava, questionava minhas habilidades para trilhar o caminho da gestão empresarial.”
TOMADA DE DECISÃO
Em relação ao que as levou a tomada de decisão para a transição, responderam:
Tamara - "Eu já estava em processo de Coaching quando a minha filha nasceu, e muitos pontos que já estávamos trabalhando ficaram mais claros com esse marco.
Dentro do período de autoconhecimento e uso de ferramentas apresentadas pela Beatriz eu fui moldando possíveis cenários e construindo uma visão mais clara de prós e contras, bem como fortalecendo minha segurança e me libertando de algumas crenças que me limitavam de ir além, até mesmo no ambiente que eu já dominava. "
Fernanda - "Sempre soube que trabalhar em Recursos Humanos era uma coisa temporária para mim, tanto que fiz o curso de Psicologia Positiva em 2012. Eu não conseguia me ver subindo de cargo, e nem me mantendo analista até a aposentadoria.
Qualidade de vida sempre foi muito valorizado por mim, e dentro da empresa eu não tinha tempo suficiente para fazer tudo o que eu queria. Eu não sabia todas as respostas para a minha transição, mas sabia que eu precisava mudar para que novos caminhos se abrissem.
Com o nascimento da minha primeira filha e a mudança da empresa para um bairro distante, deixar minha filha 12hs na creche foi muito difícil e me motivou a sair. A decisão foi em conjunto com meu marido, que estava em um emprego que julgamos estável, capaz de sustentar nossa família. Ele me apoiou 100% em todas minhas sugestões para a sonhada transição."
Samara - "A transição de carreira já fazia parte dos meus planos de vida. Eu já sonhava com isso e via sempre como algo para o futuro, distante. Sem dúvida a maternidade intensificou esse sonho. Depois da chegada da minha filha, em 2018, a necessidade de mais liberdade e de gerenciar o meu tempo começaram a "gritar". Em um determinado momento, já não me sentia realizada nem no trabalho, nem como mãe, esposa, mulher, etc. Não me sentia "boa o suficiente" em nada. Parecia estar acordando todos os dias no "piloto automático", sendo literalmente empurrada pelas horas do dia.
Essa angústia de se sentir "sobrevivendo" a cada dia, o desejo de manter a minha família saudável e a necessidade de trabalhar gerando um nível maior de contribuição na vida das pessoas me fizeram entender que o plano futuro era agora, não podia esperar mais."
COMO SE SENTEM HOJE?
Tamara - "Hoje me sinto no lugar onde eu deveria estar, usando todas as minhas potencialidades e em harmonia com a minha atividade profissional que se relaciona muito positivamente com meu estilo de vida. Atuando como empresária e líder das marcas Pulse e Tree Lab eu consigo atuar em diversas frentes ao mesmo tempo, com o marketing, finanças e gestão de pessoas. Esse é um ponto que conversa bem com meu perfil mais dinâmico e gerencial, características que pude conhecer melhor no processo de coaching e aprendi valorizar ao invés de brigar contra elas em ambientes e formatos nos quais eu não me encaixava plenamente. "
Fernanda - "Hoje me sinto muito realizada por poder ser uma mãe presente e ainda ter minha carreira com horário flexível . Dificuldades sempre vão existir, mas trabalhar com aquilo que gosto e que tem a ver com meu propósito de vida, me deixa muito feliz."
Samara - "A minha vida ganhou outro sentido. O tão sonhado equilíbrio entre a vida pessoal e profissional hoje é uma realidade para mim, além de fazer um trabalho altamente gratificante e que gera resultados na vida das pessoas. Sou mais feliz!"
VAMOS VER OS CONSELHOS QUE ELAS DÃO
“Meu conselho é nunca se acomodar com uma condição que não te traga felicidade, se está incomodado com algum aspecto da sua vida, seja ele pessoal ou profissional, busque ferramentas, pessoas e processos que possam te mover para um lugar de realização e satisfação. Eu sou fã do processo de coaching realizado de forma individualizada e séria como foi o meu com a Beatriz. E para quem deseja empreender minha dica é avaliar bem o mercado que deseja se inserir, ter uma boa reserva financeira e estar preparado para se doar em um nível bem alto nos anos iniciais.”
– TAMARA BORGES
“O autoconhecimento é fundamental. Entender seus talentos, pontos fortes, propósitos de vida ajuda bastante para fortalecer seu desejo.
Olhar para parte financeira também é muito importante. Estar acostumado a ganhar uma coisa e de repente ficar um período sem ganhar nada pode ser muito frustrante e até um motivo para voltar a trás (se possível for).
Se tem um cônjuge e filhos, acredito ser importante conversar bastante antes pois a mudança trará impactos para toda família.
Estudar é sempre muito bom e ainda é uma oportunidade para conhecer pessoas novas ligadas a nova carreira. Só não precisa ficar só fazendo mil cursos e não ir para prática.
Arrisque-se, converse com pessoas mais experientes para tirar dúvidas, mas arrisque-se e vá trabalhar com o que sonha."
- FERNANDA ANDRADE
"Primeiramente, a transição de carreira é possível! É muito importante ter clareza sobre o que te leva a querer essa mudança e o quanto isso é importante para você. Isso não te deixará "dependente" de aprovação das pessoas que o cercam.
Identificar os possíveis medos/receios e trabalhá-los também é muito importante. No meu caso, por exemplo, fiz um planejamento financeiro que me desse uma margem de segurança caso eu demorasse um tempo para começar a faturar. Também busquei pessoas e cursos para conhecimento de gestão para o meu negócio.
Não espere estar 100% pronto em tudo para mudar, caso contrário a mudança dificilmente ocorrerá.
Faça sempre o seu melhor e procure se relacionar bem com as pessoas, construa boas relações. Hoje posso dizer que 90% das minhas demandas/oportunidades de trabalho partem de pessoas que em algum momento fizeram parte da minha trajetória profissional.
Tenha um plano B em mente. A minha motivação para mudar era tanta, que eu estava totalmente disposta a fazer outras coisas caso não desse certo. Estava disposta também a dar uns passos para trás e até abrir mão de certos confortos por um tempo, se fosse necessário. Isso alimentou minha coragem!
Se sentir realizado e feliz não tem preço. Coragem!"
- SAMARA SOUZA
E agora depois de ler esses depoimentos e dicas dessas mulheres determinadas e corajosas, já parou para refletir como se senti hoje na carreira em que está? O quanto é importante estarmos fazendo o que gostamos, equilibrando nossa vida pessoal e profissional e como fruto disso tudo tendo uma melhor qualidade de vida.
Como se senti aonde esta hoje? Feliz? Realizada?
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